terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Uma Boa Dose De Espera

Crônica Por Kiko Pessoa

Não há dúvidas de que a Internet é um dos maiores avanços tecnológicos dentro da esfera da comunicação já alcançados pelo homem.
Hoje, pela rede mundial de computadores, realizam-se tarefas que vão desde uma simples consulta a trabalhos escolares, até grandes transações bancárias que envolvem inimagináveis quantias. E como grande parte dos brasileiros, eu sou um adepto da Internet e não consigo me imaginar sem o acesso a ela. Além de facilitar meu trabalho, uso-a a fim de entretenimento e aproveito para conhecer pessoas que jamais teria a casual oportunidade.
Dia desses, marquei um encontro com uma moça que conheci num site desses de relacionamentos.  Descreveu-se da seguinte maneira: morena,  olhos castanhos claros, cabelos longos e repleto de cachos.  A Internet tem também as suas desvantagens. Não se tem garantias da veracidade do que é dito por quem está do outro lado. Pois diante da suposta beleza, resolvi correr o risco. Marcamos um encontro num café que habitualmente frequento, cujo bolinho de bacalhau parece vir direto de terras lusitanas. Escolhi esse lugar por que segundo o que dizem por aí, nesses casos o local de encontro deve ser movimentado, para que não haja riscos, afinal, nunca se sabe com quem realmente se está lidando. Combinamos às dezenove horas Costumo chegar sempre quinze minutos mais cedo para tomar um aperitivo que me serve como calmante. Pois tomei logo dois de início, que era pra aquecer as cordas vocais.
Por ser ali um lugar que costumava ir, passaram por mim vários conhecidos, inclusive os funcionários da lanchonete, que me foram super atenciosos. O Bar, que era pequeno, parecia gigante perante minha ansiedade.

Pensei já ter passado meia hora quando olhei pr'um relógio de parede pendurado próximo ao balcão, mas ainda era cedo. Faltavam ainda cinco minutos para as dezenove. Achei melhor tomar mais um aperitivo como garantia. A cada volta que o ponteiro maior insistia em dar na circunferência das horas, aumentava em cem vezes minha ansiedade. Ora, tinha a  imaginação a mil por hora!
Passaram-se os cinco minutos. Depois destes mais cinco e mais cinco e mais dez... Talvez quinze e eu mal notara.
Caído em mim, já passava de nove da noite. Cada minuto veio acompanhando consideráveis doses d’uma boa cachacinha, que como eu disse anteriormente, era só pra espantar a ansiedade.
Pois no frigir dos ovos, a ansiedade impediu-me de conhecer a citada internauta. Com tanta cachaça na cabeça, a moça deve ter passado despercebida;
Ao mesmo tempo em que eu a esperava, ela, na mesa ao lado,  possivelmente me esperava também.
Bom, pelo menos durante aqueles minutos intermináveis tive uma boa companheira.
E essa nunca me abandona.

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